O mar amanheceu coberto de linhas
ondulantes paralelas a praia
Uns chamam de ondas...
São os versos do mar
Poesias são territórios para desvendar
O mar amanheceu coberto de linhas
ondulantes paralelas a praia
Uns chamam de ondas...
São os versos do mar
Somos feitos de sonhos
imaginários em fila
O sonho novo encontra o antigo
esquecido no porão das memórias
Diz a ele: "Eu sou ancestral"
Quem poderá duvidar deles?
Mas o sonho dos gatos é ronronar
na verossimilhança do agora
do que está próximo
Não importa o que seja
uma bolsa
um caixa de sapatos
o lençol esquecido sobre a cama
A consciência plena é o esquecimento
Se é amor
será no mais confortável desencontro
Como se tivesse sempre existido
Um Dejavu não acontecido
felino
eternamente presente
Aos ateus que de Deus desacreditam
a dificil tarefa de mergulhar
na realidade circundante
em busca de um sentido
pulsante, talvez radioativo
Da matéria saltam faiscas de luz
que retornam como bulmerangues
aos que ousam conhecê-la
A universidade de Sorbonne
abalada por uma eslava em Paris
Arte e Ciência entrelaçadas
O Polônio é verso novo
no longo poema da criação
O Rádio anuncia diferentes arranjos
aos átomos, tecidos, organismos
Louvar os infinitos recantos
escondidos de Deus e suas maravilhas
de onde nascem ateus e não ateus
Respeitar os segredos atômicos
Crer, duvidar, acreditar e negar
Em um embate sem treguas
com a divina natureza
Essa aventura humana
de tocar na árvore do conhecimento
para brincar nos campos do senhor
È diferente de felicidade
esse fogo fátuo
È simplesmente diferente
parecido a uma satisfazão duradoura
que não é minha
nem tua
mas que nos atravesa como uma onda
Epifanias não são algo que se merece
É da ordem do destino e dos encontros
O poeta é um ilustre desajeitado
Cidadão honorário do esquecimento
Médico de desgastadas almas
Advogado de causas infindas
Equilibrista sem corda nem circo
Palhaço do espetáculo citadino
Especialista no desabandono
de coisas inúteis e de horários perdidos
Assim como bombeiros, policiais e enfermeiros
Sua atividade é de primeira necessidade
O poeta dá cola nas finitudes da cidade
Cada corpo, cada pedra e arbusto
Fio de cabelo, inseto ou passarinho
cabe na cidade pois existem poetas
Fazem de tudo para que o todo
não desmanche no ar
A olho e a dedo compõem
as regras versadas de uma ética prática
Constroem invisíveis edifícios e alamedas
onde o impossível é vizinho do possível
O ilustre Poeta é versado em convivência
Logo ao iniciar o curso de Psicologia na Universidade de Brasilia, alias minha segunda opção, uma vez que não passei no teste específico de arquitetura, me dei conta que eu poderia ter uma qualidade que já começava a ser falada: a interdisciplinalidade começou cedo. Eu realmente gostava de ler livros de psicologia (de poucas páginas de preferência).
O primeiro foi um livro de capa amarela, de um obscuro autor D.Kaplan e um ambicioso título, "O Ser Humano", que eu havia pego emprestado na biblioteca da entrequadra 108/308 sul em Brasília. Nessa biblioteca nos intervalos de estudo para o vestibular eu acabava lendo pouco a pouco o livro "O Obvio Ululante" de Nelson Rodrigues e também livros de budismo. Foi na biblioteca da 108/308 sul, que eu ganhei o ganhei o meu primeiro prêmio de poesia. Um honroso terceiro lugar.
Escrevo essa introdução para dizer, que ao desistir da Psicologia na UnB depois no terceiro semestre, e cair de paraquedas na minha terceira opção, Quimica onde fiquei mais 1 semestre me dei conta que gostava de tudo um pouco. No departamento de Psicologia da UnB já desconfiando que ali não era meu lugar me inscrevi numa terapia vocacional de grupo oferecida por uma professora.
Ao final de três meses, com sessões individuais e em gruppo, a tal professora me chamou para conversar e disse: "Parabêns, você pode ser oq ue você quiser: você é pluriapto". Desolado e ainda hipnotizado com o nome me descria meu problema "Pluriapto" mudei de foco: não quero escolher um curso quero escolher uma universidade.
Depois daquela eleição entre os candidatos Lula da Silva e Coller de Mello comecei a ouvir, de forma cada vez mais frequente, o nome: Unicamp. Dai para alguem me emprestar o livro Feliz Ano Velho de Marcelo Rubens Paixa foi um pulo. Animados pelas aventures e desventuras do jovem Marcelo Rubens Paixa, fiz meu preparativos para o vestibular. Um colega do secundário já estava na Unicamp, e me enviou o catalago de cursos. Li o ctálogo de cabo a rabo, e escolhi o curso mais interdisiplinar e que me permitisse a tal pluriaptidão. Me inscrevi para o curso de Engenharia de Alimentos, e passei no vestibular.
Consegui hospedagem na casa da família de uma médica, que era de Campinas, e trabalhava com minha tia, também médica. A família me cedeu gentilmente seu apartamento na rua da Abolição, no Bairro da Ponte Preta enquanto a Unicamp terminava a construção da moradia estudantil dos Estudantes. Morar com centenas de estudantes de diversas áreas no mesmo local me pareceu destino proximo das frases da psicologa vocacional: "Você pode fazer o que quiser que será bem sucedido".
Natal é um caixinha de surpresas
do planeta Terra
Nela, tudo lembra a beleza de estar
passageiro do planeta azul
A curvatura do mar me leva
para Dakar no Senegal
As dunas infindáveis
que permitem a cidade
estão no fundo de um mar ancestral
Natal sem saber
esta submersa no tempo marinho
É terra de mar
Um dia ele voltará
Esta subindo pouco a pouco
A cidade avança adolescente sobre ele
Não dura muito o burburinho
A Terra sente cocegas
permite a brincadeira, a traquinagem
displicente com a grandeza...
Não demora, tudo acaba
Seus prédios serão casa de peixe
Suas ruas cobertas de corais
No tempo dos planetas
Natal é bela
um encanto leve
mas já passou
Adentro o afuera
Sucio o limpio
El sonido se queda claro
o no soy quién supo...
Cuando adentro é sucio
nadie se puede creer
en el que está limpio afuera
Cuando está sucio adentro
locura afuera
o sanidad silenciosa
Adentro, adentro siempre
me queda la alegría
de saberme limpio
y listo
I
Na primeira noite do ano
de 2024 do calendário cristão
Sonhou o poeta
que liberta seria a cidade de Brasília
O mel prometido da profecia
era a água pura que jorrava
nos lagos Paranoá e Descoberto
onde todos se banhavam
II
O leite divino da liberdade
contagiante essência da cidade
era distante dos desejos da Europa
de colônias, e metrópoles
Brasília era uma entidade autônoma
de um governo que não nasceu ainda
Capital de si mesma
irmã da natureza
III
Como na queda do regime soviético
monumentos derrubados
para dar lugar ao Cerrado
Um novo hino seria composto
por músicos e poetas da cidade
Os pássaros azuis de Athos Bulcão
na nova bandeira pintados
tremulando na torre da cidade
IV
O poeta incrédulo no sonho via
Águas das chuvas canalizadas
em dezenas de pequenos lagos
renascendo veredas por todos os lados
O avião símbolo de Brasília
daria lugar a estrela brilhante
raios de luz nas direções cardiais:
norte, sul, leste, oeste
V
Circulará o dinheiro social
onde dele se precisa
A moeda da cidade é o talento
de valorizar uns aos outros
O mais famoso bar, o Beirute
enfim socializado em forno público
distribuindo esfirras e salgados
como em Cuzco no Vale Sagrado
VI
O tempo ufanista foi silenciado
nascerá o tempo de Brasília:
o presente do futuro
A cidade criará inovações para o mundo
Arquitetos de todo o planeta
completariam as obras de Niemeyer:
tetos, paredes, passarelas verdes
para os prédios de Brasília
VII
Os ministérios cada qual ao seu jeito
transformados em galerias e museus
Como em Washington mas de ingresso livre
facultado a todos do planeta
Cada cultura da Terra
em Brasília teria sua rua
Do Cairo, cafés e narguilés
onde os habitantes relaxam
VIII
depois de um dia de trabalho
Da Nova York do jazz
vem a tradição do respeito
a todas as diversidades
De Lisboa e seus ateliers abertos
onde a arte é ensinada
À noite a cidade pulsava
encontros de antigas nacionalidades
IX
ofertando sonoras novidades
O poeta de Brasília não queria
que o sonho acabasse
Enfim, entendia Dom Bosco
que sonhará com a cidade
os milagres presenciados nasciam
das imaginações de seus habitantes
impulsionadas por avançada tecnologia
X
Uma voz onírica lhe confirmou ao final
que se Florença foi da renascença o centro
Brasília seria o futuro do futuro
inspirando todas as cidades do mundo
Os povos da Terra
aqui teriam descanso e criatividade
Brasília será o centro de gravidade
da reconstrução da humanidade
XI
Antes que forte raiasse o dia
o sonho desvanecendo
o poeta na mais densa alegria
tomou coragem para contar o que via
A cidade resplandecia
diante do poeta acontecia
a mais linda metamorfose:
Brasilia livre!
O mar amanheceu coberto de linhas ondulantes paralelas a praia Uns chamam de ondas... São os versos do mar