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quarta-feira, 13 de março de 2024

O Mar

O mar amanheceu coberto de linhas

ondulantes paralelas a praia

Uns chamam de ondas...

São os versos do mar

segunda-feira, 11 de março de 2024

O Sonho dos Gatos (para o gato Bruce Lee)

Somos feitos de sonhos 

imaginários em fila

O sonho novo encontra o antigo 

esquecido no porão das memórias


Diz a ele: "Eu sou ancestral"

Quem poderá duvidar deles?

Mas o sonho dos gatos é ronronar 

na verossimilhança do agora


do que está próximo

Não importa o que seja

uma bolsa

um caixa de sapatos


o lençol esquecido sobre a cama

A consciência plena é o esquecimento 

Se é amor 

será no mais confortável desencontro


Como se tivesse sempre existido

Um Dejavu não acontecido

felino 

eternamente presente 

quinta-feira, 7 de março de 2024

Das transformações

O dia amanheceu revolto
Desce dos céus, a ordem aos mares:
"Revoltem-se"
"Anunciem a transformação"

Que nada nessas águas permaneça em calma
Sacudam todas as certezas
Revelem os mistérios de forma violenta
pois assim nascem os mistérios

Na cidade marítima receiosa
pequenas porções de água escondidas
um poço quase seco
uma pequena piscina escura

um tanque de águas paradas
resistem a mudança
á renovação das emoções
vinagradas de passado

No tanque de Matsuo Basho
o sapo discreto salta
mas não perturba
o silêncio torto das águas

Quando vem chegando a mudança
nem todo mundo tem tempo
de recolher suas águas
Memórias liquidas e blocos de gelo

"Que venha um tsunami para tudo mudar"
Brada aos céus, o novo messias
Mas é da natureza da natureza humana 
a decisão de mudar águas e sentidos

conforme a bússola de dentro
as mudanças da carne e do clima 
dos afetos encarnados em destinos
que germinam no kairus do ser

Atendem a outros fenômenos
que governam os corações
Obedecem outras leis
regidas por outras luas

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Marie Curie

Aos ateus que de Deus desacreditam

a dificil tarefa de mergulhar

na realidade circundante

em busca de um sentido

pulsante, talvez radioativo


Da matéria saltam faiscas de luz

que retornam como bulmerangues

aos que ousam conhecê-la

A universidade de Sorbonne

abalada por uma eslava em Paris


Arte e Ciência entrelaçadas

O Polônio é verso novo

no longo poema da criação

O Rádio anuncia diferentes arranjos 

aos átomos, tecidos, organismos


Louvar os infinitos recantos

escondidos de Deus e suas maravilhas

de onde nascem ateus e não ateus

Respeitar os segredos atômicos

Crer, duvidar, acreditar e negar


Em um embate sem treguas

com a divina natureza 

Essa aventura humana

de tocar na árvore do conhecimento

para brincar nos campos do senhor


sábado, 27 de janeiro de 2024

Epifânia

È diferente de felicidade

esse fogo fátuo

È simplesmente diferente

parecido a uma satisfazão duradoura

que não é minha

nem tua

mas que nos atravesa como uma onda

Epifanias não são algo que se merece

É da ordem do destino e dos encontros

sábado, 13 de janeiro de 2024

Ilustre Poeta

O poeta é um ilustre desajeitado

Cidadão honorário do esquecimento

Médico de desgastadas almas

Advogado de causas infindas

Equilibrista sem corda nem circo

Palhaço do espetáculo citadino

Especialista no desabandono

de coisas inúteis e de horários perdidos

Assim como bombeiros, policiais e enfermeiros

Sua atividade é de primeira necessidade

O poeta dá cola nas finitudes da cidade

Cada corpo, cada pedra e arbusto

Fio de cabelo, inseto ou passarinho

cabe na cidade pois existem poetas 

Fazem de tudo para que o todo

não desmanche no ar

A olho e a dedo compõem 

as regras versadas de uma ética prática

Constroem invisíveis edifícios e alamedas

onde o impossível é vizinho do possível

O ilustre Poeta é versado em convivência 

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

República de Estudantes: Na fronteira da poesia e da política (Capítulo 3)

Logo ao iniciar o curso de Psicologia na Universidade de Brasilia, alias minha segunda opção, uma vez que não passei no teste específico de arquitetura, me dei conta que eu poderia ter uma qualidade que já começava a ser falada: a interdisciplinalidade começou cedo. Eu realmente gostava de ler livros de psicologia (de poucas páginas de preferência). 

O primeiro foi um livro de capa amarela, de um obscuro autor D.Kaplan e um ambicioso título, "O Ser Humano", que eu havia pego emprestado na biblioteca da entrequadra 108/308 sul em Brasília. Nessa biblioteca nos intervalos de estudo para o vestibular eu acabava lendo pouco a pouco o livro "O Obvio Ululante" de Nelson Rodrigues e também livros de budismo. Foi na biblioteca da 108/308 sul, que eu ganhei o ganhei o meu primeiro prêmio de poesia. Um honroso terceiro lugar.

Escrevo essa introdução para dizer, que ao desistir da Psicologia na UnB depois no terceiro semestre, e cair de paraquedas na minha terceira opção, Quimica onde fiquei mais 1 semestre me dei conta que gostava de tudo um pouco. No departamento de Psicologia da UnB já desconfiando que ali não era meu lugar me inscrevi numa terapia vocacional de grupo oferecida por uma professora. 

Ao final de três meses, com sessões individuais e em gruppo, a tal professora me chamou para conversar e disse: "Parabêns, você pode ser oq ue você quiser: você é pluriapto". Desolado e ainda hipnotizado com o nome me descria meu problema "Pluriapto" mudei de foco: não quero escolher um curso quero escolher uma universidade.

Depois daquela eleição entre os candidatos Lula da Silva e Coller de Mello comecei a ouvir, de forma cada vez mais frequente, o nome: Unicamp. Dai para alguem me emprestar o livro Feliz Ano Velho de Marcelo Rubens Paixa foi um pulo. Animados pelas aventures e desventuras do jovem Marcelo Rubens Paixa, fiz meu preparativos para o vestibular. Um colega do secundário já estava na Unicamp, e me enviou o catalago de cursos. Li o ctálogo de cabo a rabo, e escolhi o curso mais interdisiplinar e que me permitisse a tal pluriaptidão. Me inscrevi para o curso de Engenharia de Alimentos, e passei no vestibular.

Consegui hospedagem na casa da família de uma médica, que era de Campinas, e trabalhava com minha tia, também médica. A família me cedeu gentilmente seu apartamento na rua da Abolição, no Bairro da Ponte Preta enquanto a Unicamp terminava a construção da moradia estudantil dos Estudantes. Morar com centenas de estudantes de diversas áreas no mesmo local me pareceu destino proximo das frases da psicologa vocacional: "Você pode fazer o que quiser que será bem sucedido".

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Natal

Natal é um caixinha de surpresas

do planeta Terra

Nela, tudo lembra a beleza de estar

passageiro do planeta azul

A curvatura do mar me leva

para Dakar no Senegal

As dunas infindáveis

que permitem a cidade

estão no fundo de um mar ancestral

Natal sem saber

esta submersa no tempo marinho

É terra de mar

Um dia ele voltará

Esta subindo pouco a pouco

A cidade avança adolescente sobre ele

Não dura muito o burburinho 

A Terra sente cocegas

permite a brincadeira, a traquinagem

displicente com a grandeza...

Não demora, tudo acaba

Seus prédios serão casa de peixe

Suas ruas cobertas de corais

No tempo dos planetas

Natal é bela

um encanto leve

mas já passou

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Sonidos de Buenos Aires

Adentro o afuera

Sucio o limpio

El sonido se queda claro

o no soy quién supo...

Cuando adentro é sucio

nadie se puede creer

en el que está limpio afuera

Cuando está sucio adentro

locura afuera

o sanidad silenciosa

Adentro, adentro siempre

me queda la alegría

de saberme limpio

y listo

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Brasília Livre! (para o poeta Marcos Fabrício)

I

Na primeira noite do ano 

de 2024 do calendário cristão

Sonhou o poeta 

que liberta seria a cidade de Brasília 

O mel prometido da profecia

era a água pura que jorrava

nos lagos Paranoá e Descoberto

onde todos se banhavam


II

O leite divino da liberdade

contagiante essência da cidade

era distante dos desejos da Europa

de colônias, e metrópoles

Brasília era uma entidade autônoma

de um governo que não nasceu ainda

Capital de si mesma

irmã da natureza


III

Como na queda do regime soviético

monumentos derrubados

para dar lugar ao Cerrado 

Um novo hino seria composto

por músicos e poetas da cidade

Os pássaros azuis de Athos Bulcão

na nova bandeira pintados

tremulando na torre da cidade


IV

O poeta incrédulo no sonho via

Águas das chuvas canalizadas

em dezenas de pequenos lagos

renascendo veredas por todos os lados

O avião símbolo de Brasília

daria lugar a estrela brilhante

raios de luz nas direções cardiais:

norte, sul, leste, oeste


V

Circulará o dinheiro social 

onde dele se precisa

A moeda da cidade é o talento

de valorizar uns aos outros

O mais famoso bar, o Beirute

enfim socializado em forno público

distribuindo esfirras e salgados

como em Cuzco no Vale Sagrado


VI

O tempo ufanista foi silenciado

nascerá o tempo de Brasília: 

o presente do futuro

A cidade criará inovações para o mundo

Arquitetos de todo o planeta

completariam as obras de Niemeyer:

tetos, paredes, passarelas verdes 

para os prédios de Brasília


VII

Os ministérios cada qual ao seu jeito 

transformados em galerias e museus 

Como em Washington mas de ingresso livre

facultado a todos do planeta

Cada cultura da Terra

em Brasília teria sua rua

Do Cairo, cafés e narguilés

onde os habitantes relaxam


VIII

depois de um dia de trabalho

Da Nova York do jazz

vem a tradição do respeito

a todas as diversidades

De Lisboa e seus ateliers abertos

onde a arte é ensinada 

À noite a cidade pulsava

encontros de antigas nacionalidades


IX

ofertando sonoras novidades

O poeta de Brasília não queria

que o sonho acabasse 

Enfim, entendia Dom Bosco

que sonhará com a cidade

os milagres presenciados nasciam

das imaginações de seus habitantes

impulsionadas por avançada tecnologia


X

Uma voz onírica lhe confirmou ao final

que se Florença foi da renascença o centro

Brasília seria o futuro do futuro

inspirando todas as cidades do mundo

Os povos da Terra 

aqui teriam descanso e criatividade

Brasília será o centro de gravidade

da reconstrução da humanidade


XI

Antes que forte raiasse o dia

o sonho desvanecendo 

o poeta na mais densa alegria

tomou coragem para contar o que via

A cidade resplandecia

diante do poeta acontecia

a mais linda metamorfose:

Brasilia livre!




O Mar

O mar amanheceu coberto de linhas ondulantes paralelas a praia Uns chamam de ondas... São os versos do mar