Refazer fábulas
desafiar imaginações vencidas
incrustar novas pedras coloridas
no velho coral do tempo
eis a tarefa de poeta
A história do patinho feio é feia
não pelo intruso e desajeitado cisne
na casa dos patos com pedigree
mas pela negação do conflito inescapável
com a família de nascença
Os árabes acreditam que no porto
de chegada encontra-se a primeira lição
É preciso aprendê-la para seguir
O patinho nem é pato nem cisne
talvez se transforme em gato
de sua jornada
Se com coragem viver
de rejeição em rejeição
de atrito em atrito
encontrará a própria expressão
Do porto inicial
arriscar-se entre as montanhas
aprofundar-se no interior
além da costa
onde a família ainda espera
A materia da carne e sonho
coloca-se ao atrito da vida
Eis a invenção do fogo
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