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terça-feira, 25 de novembro de 2025

República de Estudantes (Prefácio)


República de Estudantes:

como um grupo de estudantes 

mudou a forma de fazer política no Brasil


Prefácio

 

Revisitando as entrelinhas do excelente livro de Marcelo Rubens Paiva "Feliz Ano Velho" é possível perceber um embate profundo na história política brasileira na década de 80 do século passado. Que democracia queriamos? Se somos uma democracia, somos um democracia de que tipo? Em " Feliz Ano Velho", um líder de um centro acadêmico da Universidade Estadual de Campinas, e simpatizante do recém criado Partido dos Trabalhadores em 1980, sofre uma acidente que retira o movimento de suas pernas e braços.

Começa ai sua saga para reaver os movimentos do corpo e da história. Filho do deputado federal Carlos Paiva, assassinado pela ditadura militar, Marcelo reconstrói essa trajetória política, e a sua trajetória para ajudar a reconstruir  também as linhas de entendimento da história dos estudantes da Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp.  Diante da tetraplégia, ele irá vivenciar a exclusão de diversas formas em um pais de cultura patriarcal e escravocrata, cujo o direito das minorias é ainda ignorado.

O livro mostra com linguagem cinematográfica esse desenrolar de fatos pessoais e coletivos onde o autor busca forças para repensar a vida, e a política como ferramenta de construção dessa vida. Seu livro é um chamado a reconstrução da capacidade de sonhar no pós-ditadura. A Unicamp era o palco ideal para essa reconstrução, a então conhecida "Universidade de Esquerda". Na sua formação e construção, que se inicia em 1966, recebeu cientistas e professores exilados em seu próprio pais, e aos cuidados do reitor interventor federal Zeferino Vaz, que dá nome á cidade universitária.

A leitura de "Feliz Ano Velho" me arrancou de Brasília, e me arremessou no distrito de Barão Geraldo, Campinas, estado de São Paulo onde se localiza o campus da Universidade Estadual de Campinas. Mas eu não cheguei lá sozinho. Uma geração de jovens veio comigo, apenas 4 anos após a abertura política em 1986. A gente queria "tudo ao mesmo tempo agora", queria ser feliz, e construir um novo pais a partir de um campus universitário muito especial. 

Queriamos um Brasil que dividisse com seus filhos e filhas o alimento, a natureza, o conhecimento, e a capacidade de sonhar, queriamos uma nova república, uma república em que pudessemos experimentar e construir juntos: uma república de estudantes.


  1. A chegada
  2. O Saco-roxo
  3. Saraus poéticos e políticos
  4. No reino dos doutores
  5. A tomada da bastilha estudantil
  6. É tudo nosso!
  7. O latifúndio é o conhecimento
  8. A Revista Cópula
  9. O Cursinho do DCE
  10. As Rádios-Livre Muda, Cega e Surda
  11. Identidade: entre à esquerda
  12. Dialogando com o Tio Sam
  13. A volta

  Epílogo

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Anu Preto

O Anu Preto pousou  em um verso para ver o mar Admirado  sorveu a alma marítima SUas ondas e nuvens  Evaporou-se depois leve de tanto azul