República de Estudantes:
como um grupo de estudantes
mudou a forma de fazer política no Brasil
Prefácio
Revisitando as entrelinhas do excelente livro de Marcelo Rubens Paiva "Feliz Ano Velho" é possível perceber um embate profundo na história política brasileira na década de 80 do século passado. Que democracia queriamos? Se somos uma democracia, somos um democracia de que tipo? Em " Feliz Ano Velho", um líder de um centro acadêmico da Universidade Estadual de Campinas, e simpatizante do recém criado Partido dos Trabalhadores em 1980, sofre uma acidente que retira o movimento de suas pernas e braços.
Começa ai sua saga para reaver os movimentos do corpo e da história. Filho do deputado federal Carlos Paiva, assassinado pela ditadura militar, Marcelo reconstrói essa trajetória política, e a sua trajetória para ajudar a reconstruir também as linhas de entendimento da história dos estudantes da Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp. Diante da tetraplégia, ele irá vivenciar a exclusão de diversas formas em um pais de cultura patriarcal e escravocrata, cujo o direito das minorias é ainda ignorado.
O livro mostra com linguagem cinematográfica esse desenrolar de fatos pessoais e coletivos onde o autor busca forças para repensar a vida, e a política como ferramenta de construção dessa vida. Seu livro é um chamado a reconstrução da capacidade de sonhar no pós-ditadura. A Unicamp era o palco ideal para essa reconstrução, a então conhecida "Universidade de Esquerda". Na sua formação e construção, que se inicia em 1966, recebeu cientistas e professores exilados em seu próprio pais, e aos cuidados do reitor interventor federal Zeferino Vaz, que dá nome á cidade universitária.
A leitura de "Feliz Ano Velho" me arrancou de Brasília, e me arremessou no distrito de Barão Geraldo, Campinas, estado de São Paulo onde se localiza o campus da Universidade Estadual de Campinas. Mas eu não cheguei lá sozinho. Uma geração de jovens veio comigo, apenas 4 anos após a abertura política em 1986. A gente queria "tudo ao mesmo tempo agora", queria ser feliz, e construir um novo pais a partir de um campus universitário muito especial.
Queriamos um Brasil que dividisse com seus filhos e filhas o alimento, a natureza, o conhecimento, e a capacidade de sonhar, queriamos uma nova república, uma república em que pudessemos experimentar e construir juntos: uma república de estudantes.
- A chegada
- O Saco-roxo
- Saraus poéticos e políticos
- No reino dos doutores
- A tomada da bastilha estudantil
- É tudo nosso!
- O latifúndio é o conhecimento
- A Revista Cópula
- O Cursinho do DCE
- As Rádios-Livre Muda, Cega e Surda
- Identidade: entre à esquerda
- Dialogando com o Tio Sam
- A volta
Nenhum comentário:
Postar um comentário